17/03/10

Andu cume un cantu a rodrar pu’la Lluç abaixu…

Andu cume un cantu a rodrar, si verdadeiramiente nesses ultimus diês tengu lidu couźas que nun me gustan meźmu nada. Mas nun yê culpa daquestas pessonas, nun’l saben y açpuis ponen-se a palrar couźa sien jitoria… ou pior inda… traduzir sturianu pra sandinés !!! Issu fai-me lumbrar qu’al Padre Mourinho, un die screbiu aquissu que you aende vus trascribu :
Em Sendim havia duas modalidades de fala, num bairro do Canzilho. Os vizinhos e o resto dos habitantes da povoação troçavam dêles, repetindo-lhes o que pronunciavam diferentemente dos outros. Assim, naquele bairro substituiam, na pronuncia da 3° pess. do plural do preterito de todos os verbos, o r por n. Ex.: toconun, beninun, cominun. Parece forma esporadica [...].
Dende la cumbre, al cantu rodra pal bun lladu la cuôsta...
Forma spuradica, quei ??? Lus sturianus qu’eiqui venen y lirun issu deben de rir muitu, purque saben bien que ye assi qu’eilles pernuncian !!! Mellor inda, aquesta forma de falar inda s’usa… oubie la you a un home an Cicuiru, mas pensei qu’él falaba mal !!! Tamiên quiên sou you pra pensar aquesto ??? Anton quandu veyu a un sandinés a traduzir sturianu, si se puode antender que tenga lus pirolitus y que me ponga pur ende a manda ostias !!! Nal passadu branu çtribui an Cicuiru dalguns eiźemplares dal “Llumbreiru”. Y ũa tarde an que staba you a la caźa’l pobu, Urlandu dixu-me assi : “Anton nos falamus Astur-llionés...”
Agora perguntu you ; cume yê qu’un pastor cun poucus studus yê capaç d’antender aquestas couźicas de la vida y un supûostu académicu no ???” Cume yê ??? You achu que mas studamus, mas burrus mus fazemus y mas mus afastamus de la nuôssa rialedade, mas ya vai sendu tiempu de mus acunchegar outra veç a al que yê nuôssu !!! Y dende mus acunchegar mas de lus que tamien falan cume nos, purque s’issu assi cuntina al mirandés nunca passara a ser culta, mas quedara-se cume agora ũa atraçon turistica !!! Un die, si que mus hemus de dar decuônta que tantu an Sandin, cume an Cicuiru, ou an Cangas se falaba eigual… anton naquesse die si que m’hei de rir, tantu, mas tantu que m’han d’ouvir « Dende Llubarca a Miranda »… Mas pur anquantu cume stou triste demas, y nun antendu, perfiru cerra lus uôllus, cunta anté diêç, ya turna a abri-lus y a ver cume inda stara aquissu todu...

8 comentários:

優次 (Yuji) disse...

Vou responder em português porque são as 4 da manhã e preciso ir dormir logo ;)

Isso que dizes de que pessoas com pouco estudo entendem o falar dos vizinhos (no caso, não tão vizinhos, mas enfim), é bem real. Dizem que gascões, catalães e aragoneses nos Pirineus costumavam se entender falando respectivamente occitano gascão, catalão e aragonês. A língua deles já é por proximidade geográfica, bastante emparentada. Perto da raia, isso é ainda mais verdade, mas esses falares locais na raia já praticamente desapareceram, o gascão substituído pelo francês, o aragonês pelo espanhol, e o catalão local praticamente substituído pela normativa de base barceloní.

Um exemplo dessas situações anedócticas:
http://loblogdeujoan.blogspot.com/2010/01/intercomprension-catalanogascona.html

O assunto das unidades lingüísticas é complicado. Estou no mesmo saco daqueles que defendem a unidade do galego e do português, e do catalão e do occitano. Não sou lingüista, sou (aspirante a) cientista. Apesar disso, não acho que a ciência se aplique totalmente para a lingüística, que é uma coisa bem humana. E como a idéia de língua como conjunto de falares de uma região delimitada é uma idéia humana, é completamente relativo. Mais bem, um caso de crença, ou bem, fé. Do mesmo jeito que quem justifica a separação desses falares, eu também faço contrário. Quem está certo? Quem está errado?

Sugiro que continues a defender o que acreditas. Acho que, desde que não se tente submeter um falar ao outro, é um exercício saudável e até benéfico para qualquer língua. Com o tempo, as pessoas esquecem os parentes, e isso vale para as línguas também :)

優次 (Yuji) disse...

Acho que dispensa tradução, já que você fala francês também, mas traduzo de qualquer forma o texto em occitano gascão:
"O amigo Marçal - estudante catalão de filologia na Universitat de Barcelona e occitanófono distinto, agora em Tolosa como estudante Erasmus - me contou uma anedocta, verdadeira segundo ele. Resumo-vo-la, pois. Três catalães, dois homens e uma mulher, que estavam a percorrer as lanas gascãs. Dois daqueles catalães falavam um gascão bem correntemente, um aranês, o outro bearnês. A terceira, uma mulher originária de um vale da Garrocha, (país pirinaico da Catalunha oriental, a noroeste de Girona) não tinha a mínima idéia do que era occitano, gascão ou não. Discussão em gascon com uma pessoa do lugar: os nossos dois gasconófonos catalães não entenderam nada do que lhe disse o interlocutor lanusquenho. Na contra, a nossa catalã da Garrocha entendeu tudo e foi ela quem fez de tradutor a eles."

Tiégui disse...

Ola Yuji,
eu tb vou escrever em portugués porque ja a mezes que nao escrevo tal idioma...
O que tu dizes é correto, pois na aldeia do meu pai a gente diz "aquesto" e em italiano é "questo", assim que cada un na sua vamos entendemos...

Mas nao é isso o probléma. A polémica que eu aleventei veio de uma tradução de sturiano para a variante sandinesa do mirandés aparecida a umas semanas atras no "froles mirandesas".

Nao compriendo como é que se pode ter o joizo para traduzir sturiano para sandinés, ja que esses dois falares fazem parte da lingua astur-lionésa !!!!!

E ai eu esplico que no seclo passado em Sandin havia gente que dizia funun, stubinun, passonun, em vez de furun, stubirun, passorun...
Tal fenomeno ja o encontrei eu em Cicuiru (mas uma so vez)
Se vais neste blog iras encontrar varios exemplos :http://exllionpedista.nireblog.com/

Resulta ser que fonon camín de ...
Echánonme de la ...

Por isso é que eu nao gosto que haja mirandeses que actuem de tal maneira... se nao baia que unidade linguistica é essa !!!

Boieiro disse...

Un die screbi, nun dou fé adonde, que las adendas nun fázen sentido na cumbençón de la lhéngua porque essa ye ua maneira de la espartiçar inda más.
Cume pouco más sei que Ourlando (él de oubeilhas i iou de burros), a las bezes cumplica-se l que ye fáçl i an beç de falarmos cume la moça de Garrocha, fazemos cume ls pedreiros de Babel.

優次 (Yuji) disse...

Tiegu, sim, eu lembro de ter lido os seus comentários a respeito daquela notícia que o Cristóvão traduziu. Não acho errado ter traduzido o texto, já que há uma certa distância entre o mirandês e o asturiano. Por outro lado, talvez fosse melhor ter mantido o texto original com notas ou um pequeno vocabulário de auxílio. De facto, seria interessante incentivar o contacto entre as falas irmãs do asturo-leonês.

De qualquer forma, isso não é exclusivo do mirandês: no Vale do Arão, onde o occitano gascão é oficial, todo e qualquer material em alguma variedade diferente de occitano é traduzida para o aranês. A língua aranesa (sic!), na maioria dos casos, opta por seguir uma evolução própria, ignorando soluções léxicas já existentes em outras variantes occitanas no lado francês, ou adoptando empréstimos do castelhano ou do catalão. O caso é que muitos araneses provavelmente nunca terão contacto com nenhum dialecto do outro lado da fronteira...

No fim, acredito que seja um pouco de protecionismo, mas também do irmão rico não querer olhar para o irmão mais pobre.

Bom, espero não receber pedradas pelo que acabei de dizer... Claro, não forço ninguém a pensar como eu, nem digo que o meu jeito de pensar está correcto ou é melhor que o de ninguém, que conste. E se o meu comentário ofendeu alguém, ficam expressas aqui as minhas sinceras desculpas :}

優次 (Yuji) disse...

De certa forma, estamos acostumados com as unidades lingüísticas das línguas dominantes, oficiais de cada estado. Acho que a escola, a repressão a quem falava diferente (a variante de prestígio), e anos de normalização (incluindo os meios de comunicação) e normativização é o que fizeram dessas línguas homogêneas ao ponto que conhecemos hoje.

A coisa é que as línguas minoritárias na sua maioria não conheceram a normativização até recentemente. É muito fácil impôr uma variante de prestígio para pessoas pouco estudadas e dizer que o que elas falam é inferior e errado. Agora, tente fazer o mesmo com alguém com estudos. Some a isso a consciência que se tem hoje em valorizar a cultura local (muitas vezes, chegando a um extremo de bairrismo), e temos o típico pensamento separados venceremos.

Talvez eu esteja dizendo um monte de besteiras, mas é o que eu penso...

Anónimo disse...

Amigus Mirandeses ou Portugueses: Fai un mumentu entrei n'esta páxina, ya gustoume muitu. La fala ía muitu parecida a la que nos tenemus na zona de Tsaciana, na pruvincia de Tseón, aiquí chamamustse Patsuezu, ya tamién ya astur-leones, peru tien muitas diferencias cun lu que agora chaman LLeunés. Nun queda cuasi naide que s'alcuerde d'etsa, ya cumu nun ía más que tradición oral, cuestanos muitu faer algu que nus recuerde a lus nuesus antepasaus. Atsegrume muitu de tseebus. Un abrazo.

Zurriellu disse...

El anónimu esi d'ónde lu soconun, nun sabe de quéi fala: esu de "lleunés" enxamás nomose asina, ye llionés; y el Patsuezu ye una variante que muda lus "ll" pur "ts" peru poucu más, la llingua ye la mesmica